São cento e algumas páginas que nos mostram, à sua maneira, a forma de um homem ter saudades do seu cão. A este, um epagneul-breton, foi-lhe dado o nome de Kurika, nome de leão, e não era então um cão como os outros, era-o antes como nós.
Era também um membro da família, um irmão, talvez, para os filhos do narrador, este era talvez o único que o via como cão e não como um deles, apesar de o saber diferente tentava sempre mostrar-se dono do seu cão como tal o era. Página sim, página não temos os relatos alternados de um dono de um cão que mesmo depois de este morrer o continua a sentir como se se tivesse tornado apenas invisível mas continuasse a existir. Ouve-o. Sente-o. Quase o vê. Talvez apenas imagine, mas seja como for o que interessa é que, imaginado ou não, Kurika estava e faria, onde estava e o que sempre fazia.
Página sim, Kurika quer passear no jardim (mas não se passeia um cão invisível). Página não, o narrador e os filhos observam Kurika numa ida a praia e interrogam-se acerca do espírito do animal.
Página sim, Kurika quer passear no jardim (mas não se passeia um cão invisível). Página não, o narrador e os filhos observam Kurika numa ida a praia e interrogam-se acerca do espírito do animal.
São cento e algumas páginas com uma narrativa simples, quase poética (ou não quase, poética mesmo), linguagem viva e sentido de realidade, não da nossa de facto, mas da realidade da memória deste cão, que se não o era como os outros era-o então certamente como nós.
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